"Como eu vivo e vibro de ânsia brasileira! Veja si me compreende este pequenino poema Acreano em que disse apenas que senti derrepente e que é indescritível,(...) porque um desses momentos de angustia amorosa sublime em que é tão forte a corrente de comoção, tão ansiados os sentimentos, tão contraditórios, tão interpostos e simultâneos. (...) É melhor dizer simplesmente com que for como a gente compreenderá o dizer:
Abancado à escrivaninha em São Paulo
Na minha casa da rua Lopes Chaves
De supetão senti uma friagem por dentro
Fiquei tremendo muito comovido.
Com o livro palerma olhando pra mim.
Não vê que me lembrei que lá no Norte,
meu Deus !,
muito longe de mim,
na escuridão ativa da noite que caiu
Um homem alado, negro de cabelo
nos olhos.
Depois de fazer uma pele com a
borracha do dia
Faz pouco se deitou , está dormindo.
Esse homem é brasileiro que nem eu."
(Carta a Luís da Câmara Cascudo, 26/06/1925. In: ANDRADE, Mário: Cartas de Mário de Andrade a Luís da Câmara Cascudo. Belo Horizonte/Rio de Janeiro, Villa Rica, 1991, p. 36.)
Autor - Antonio Castro
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