A proteína da banana pode ser a protecção mais barata e 'mais ampla' contra o HIV
Um estudo americano publicado nesta segunda-feira revela que uma classe de proteína presente nas bananas pode prevenir a transmissão sexual do vírus da Aids.
Segundo os pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, a lectina BanLec é um inibidor natural do HIV "tão potente como dois dos principais medicamentos utilizados actualmente no tratamento da doença".
A pesquisa publicada na mais recente edição da revista especializada Journal of Biological Chemistry explica que o BanLec bloqueia a ação do vírus HIV antes que ele possa fixar-se às células sanguíneas.
As lectinas como a BanLec têm despertado interesse cada vez maior dos pesquisadores justamente por serem uma classe de proteína que se liga a carbohidratos e é capaz de identificar invasores. Assim, quando um vírus aparece, ela pode ligar-se a ele impedindo a propagação de infecções.
No caso do HIV, a BanLec pode ligar-se à cobertura rica em carbohidratos do vírus e bloquear sua propagação no corpo humano. A pesquisa defende ainda que, por sua forma de ação, a BanLec pode oferecer uma "proteção mais ampla".
banana
A lectina BanLec é um inibidor natural do HIV
"O problema com algumas das drogas anti-HIV é que o vírus pode sofrer mutações e tornar-se resistente, mas isso é muito mais difícil na presença das lectinas. Elas podem se ligar aos carbohidratos presentes em diversas partes da cobertura do HIV, e isso presumivelmente exigirá múltiplas mutações para que o vírus consiga livrar-se delas", explicou Michael Swanson, um dos autores do trabalho.
Mais barato
Essa não seria a única vantagem da BanLec, que seria também mais barata do que os actuais coquetéis de antiretrovirais.
Os cientistas de Michigan defendem no seu relatório que a descoberta de novas formas de prevenção e controle da Sida são essenciais, justamente porque em cada duas pessoas que adquirem acesso ao tratamento com antiretrovirais, cinco contraem o vírus.
"O HIV ainda é muito grave nos Estados Unidos e a sua disseminação em países pobres continua a ser um problema sério por causa do tremendo sofrimento humano e do custo para tratar os pacientes", disse outro autor da pesquisa, David Marvovitz.
Nesse contexto, o uso de um microbicida à base de BanLec, em forma de gel ou creme a ser espalhado nos órgãos sexuais masculino e feminino, pode ser um grande avanço no combate à disseminação da Sida.
Mas o grupo de Michigan enfatiza que ainda levará anos até que o uso clínico do BanLec seja possível.
Fonte: BBC para a África.com
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